A mais famosa ovelha do mundo nasceu em 1996, e foi o resultado de uma clonagem. Na altura, o avanço abriu portas a um mundo novo na genética e na biologia.
Há 20 anos, o nascimento da mais famosa ovelha do mundo fez tremer governos e religiões, falou-se no fim do mundo, mas afinal não nasceram clones humanos e a tecnologia utilizada ajudou a conhecer melhor as doenças e o início da vida.
Nascida a 05 de julho de 1996, o anúncio desta estranha forma de vida só aconteceu em fevereiro do ano seguinte, condenando "Dolly" a ser perseguida pelos "paparazzi".
Isto porque a ovelha nasceu graças à clonagem de uma célula adulta, um feito que chegou a ser comparado à bomba atómica e espoletou nos homens o medo de serem "copiados".
Aparentemente igual a todos os ovinos, esta ovelha nasceu mais igual do que as outras, pois era semelhante à dadora da célula adulta que foi introduzida numa outra sem núcleo e de cuja junção resultou um embrião.
Esse embrião foi posteriormente implantado numa "ovelha de aluguer", que deu à luz a famosa Dolly.
Muitas foram as possibilidades admitidas pelos cientistas, mas 20 anos depois, a cientista da área da genética, Maria do Carmo Fonseca, admite que a clonagem foi uma desilusão.
Esta ovelha não foi o primeiro mamífero clonado, mas teve a particularidade de ser o primeiro a nascer através da transferência nuclear de uma célula (mamária) adulta (de uma ovelha com seis anos).
O seu nome foi uma homenagem à cantora Dolly Parton, conhecida pelo seu proeminente peito.
Após o anúncio da equipa de cientistas do Instituto Roslin, na Escócia, o debate aqueceu e produziram-se várias leis e convenções com vista à proibição da clonagem humana.
Em causa estavam o medo do eugenismo (criação de seres humanos perfeitos através da manipulação genética), do poder dos cientistas e da eterna busca pela perfeição.
Para ilustrar a temática, não faltaram imagens do exército nazi a lembrar como este perseguiu a ideia de criar seres perfeitos, assim como omparações do nascimento de Dolly à bomba atómica.
A inquietude atingiu o presidente dos Estados Unidos na altura, Bill Clinton, que proibiu a utilização de fundos federais para a clonagem humana.
O Vaticano pediu a condenação destas técnicas em humanos e as organizações internacionais - como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a UNESCO e a Comissão Europeia - solicitaram vários estudos sobre o assunto.
Ainda em 1997, o Conselho da Europa adotou um protocolo a proibir esta técnica em seres humanos.
Foi uma mistura explosiva de conceitos e debates éticos. Indiferente à discussão, a ovelha continuou a ser fotografada, estudada e condenada a ser uma estrela, mas os problemas de saúde, que atingem os animais clonados, não tardaram a tornar piores os seus dias.
O corpo de Dolly pode ser visto no Royal Museum of Scotland, em Edimburgo, onde está empalhada.
fonte: TSF