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Arqueólogos descobrem misteriosa fortificação de 6 mil anos na Jordânia

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Construção fortificada foi datada de 6 mil anos atrás - B. Müller-Neuhof / Dai-Orientabteilung


A cidade principal cercada por terraços de irrigação - B. Müller-Neuhof / Dai-Orientabteilung


Os terraços irrigados usados para agricultura - B. Müller-Neuhof / Dai-Orientabteilung


Restos de uma seção do muro da cidade fortificada - B. Müller-Neuhof / Dai-Orientabteilung

Estrutura foi construída mil anos antes que as pirâmides por povo desconhecido

Numa inóspita região do deserto da Jordânia, arqueólogos foram surpreendidos pela descoberta dos vestígios de uma misteriosa fortificação, que possui até mesmo terraços com sistemas sofisticados de irrigação. Na fronteira com a Síria, o local era considerado inabitável por populações primitivas, dada a escassez de água, mas datações por radiocarbono indicam que uma civilização avançada ocupou a região entre 4.000 e 3.500 a.C., cerca de mil anos antes da construção das pirâmides.

De acordo com pesquisadores do Instituto Arqueológico Alemão, a estrutura com muros fortificados e casas de pedra é provavelmente a mais antiga do tipo em todo o sudoeste asiático. Já foram encontrados vestígios da passagem de grupos nômades, mas esta é a primeira evidência de ocupação permanente. O povo responsável pela construção da cidade é desconhecido, como os motivos que os fizeram ocupar a árida região do deserto.

A construção principal tem uma cidade fortificada no alto de uma montanha, com muros e casas de pedra. Como não existem fontes regulares de água, os habitantes desenvolveram um sofisticado sistema para direcionar a água da chuva para terraços alagados, usados para a agricultura. A água para consumo provavelmente era obtida pela perfuração de poços e uso de cavernas vulcânicas naturais como cisternas.

Mais antigos que os conhecidos sistemas de irrigação na Mesopotâmia, esses terraços talvez sejam os mais antigos exemplos de agricultura irrigada usando sistemas artificiais de canalização da água da chuva. Evidências apontam para o cultivo de grãos, já que foram encontrados pedras de moagem em algumas casas.

Os arqueólogos também encontraram evidências de mineração e produção em massa de ferramentas de sílex, que podem estar relacionadas com as atividades dos assentamentos sobre vulcões. Além desses sinais, pouco se sabe sobre as populações que construíram o complexo, já que a escrita ainda não existia. Sua identidade, teoricamente, só poderá ser elucidada pela descoberta de similaridades de ferramentas e cerâmica com outras culturas conhecidas da Mesopotâmia.

Na fortificação principal, batizada como Jawa, foram descobertos sinais de conflitos nos muros, com áreas onde as paredes foram derrubadas e reconstruídas. Os pesquisadores imaginam que povos nômades do deserto podem ter entrado em conflito com os habitantes que construíram as cidades por causa do controle sobre a água.

Apesar das dúvidas criadas, a descoberta traz novas informações sobre o desenvolvimento cultural da Mesopotâmia e Levante, o local de nascimento da civilização moderna. O quarto milênio antes de Cristo é considerado um período crucial na história das antigas civilizações, que começaram a desenvolver culturas complexas, com o surgimento da urbanização, invento da irrigação, criação de rotas comerciais e o surgimento da escrita rudimentar.

fonte: O Globo


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