À esquerda, tecido muscular de um rato velho. À direita, tecido muscular de um rato velho submetido à reprogramação das células. SALK INSTITUTE
Células reprogramadas reverteram o processo de envelhecimento em animais vivos pela primeira vez, revelam cientistas de um laboratório norte-americano. Sublinham, no entanto, que este procedimento em humanos só poderá ser realizado "dentro de uma década".
Uma nova forma de terapia genética produziu resultados animadores em ratinhos de laboratório - após um tratamento de seis semanas, os animais pareceram mais jovens, mais saudáveis ao nível cardiovascular, com maior capacidade de cicatrização quando feridos e viveram 30% mais tempo.
A técnica consiste em utilizar células "adultas", como as da pele, e reprogramá-las para um estádio semelhante ao das células estaminais embrionárias - que têm uma capacidade ilimitada para se desenvolverem e evoluírem para 220 tipos de células diferentes no organismo humano.
As células obtidas com a manipulação das "adultas" chamam-se células estaminais pluripotentes induzidas (IPS, na sigla em inglês). Adquirem a capacidade de se multiplicarem e têm já sido utilizadas em vez das estaminais, envoltas em polémica, a sua utilização é limitada pelos constrangimentos éticos da produção e posterior destruição de embriões.
Em 2006, a equipa de cientistas liderada por Shinya Yamanaka da Universidade de Quioto, abriu o caminho para evitar a utilização de embriões: conseguiu reprogramar células maduras e especializadas e transformá-las em células capazes de formarem qualquer tecido do corpo - as células pluripotentes induzidas (IPS). Esta investigação valeu a Yamanaka e a John Gurdon o Prémio Nobel da Medicina em 2012.
A "fonte da juventude"é uma realidade
"A nossa investigação mostra que o envelhecimento pode não ter de prosseguir numa única direção. Pode ser revertido", diz o responsável pelo estudo Juan Carlos Izpisua Belmonte do Instituto Stalk na Califórnia, em declarações ao The Guardian.
Os cientistas não afirmam que o processo de envelhecimento possa ser eliminado, mas antes atrasado. Em tratamentos futuros, o "relógio biológico" pode ser manipulado de forma a aumentar a esperança de vida.
"Esta abordagem não vai conduzir à imortalidade", sublinha Izpisua Belmonte. "Existem certamente limites a uma completa reversão do envelhecimento. O nosso objetivo não é apenas a longevidade, mas mais importante, a qualidade de vida".
A investigação foi publicada na revista científica Cell.
fonte: SIC Noticias