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25 de Abril democratizou relatos sobre OVNI

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O 25 de Abril de 1974 democratizou não só o regime mas também o relato de observações de fenómenos OVNI, afirmou no Porto o historiador Joaquim Fernandes, autor do maior estudo feito em Portugal sobre o imaginário extra-terrestre.

A primeira fase do estudo deste professor da Universidade Fernando Pessoa, fundador do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência, foi hoje apresentada no auditório daquela instituição.

No estudo, que abarca a história de Portugal entre 1908 e 2000, Joaquim Fernandes observa que o 25 de Abril de 1974 abriu as portas a um "boom" de relatos de observações directas de "fenómenos OVNI" e de organizações de estudo deste tipo de situações.

"No anterior regime foram registados vários outros fenómenos deste género, mas o seu relato era quase exclusivo dos meios de comunicação social. O 25 de Abril trouxe a democratização também aos testemunhos de fenómenos OVNI", referiu o historiador.

Este interesse súbito pelo tema dos extra-terrestres poderá estar psicologicamente relacionado com a forma contida como o anterior regime tratava este tema de alguma forma "proibido".

"Após a Revolução, surgiu um interesse repentino por uma série de assuntos proibidos. O dos OVNI foi um deles", disse Joaquim Fernandes.

A partir da década de 1970, surgem, através de investigadores individuais ou das associações de observação dos temas relacionados com extra-terrestres, mediadores que passaram a recolher de forma sistemática os testemunhos dos fenómenos observados.

"Do trabalho desses mediadores resultou a recolha de cerca de 700 relatos que pela primeira vez em Portugal foram analisados de forma sistemática neste estudo", referiu Joaquim Fernandes.

Do total de 700 testemunhos, o historiador seleccionou 319 inquéritos mais pormenorizados, que incluem, para além dos dados sobre o fenómeno observado, registos das reacções afectivas, físicas e cognitivas das testemunhas, assim como eventuais efeitos ocorridos posteriormente (o que as pessoas sentiram emocional e fisicamente, o que consideraram ter observado e que sintomas registaram nos dias seguintes).

Uma primeira constatação que surpreendeu o investigador foi a de que apenas cerca de um terço dos 319 inquiridos fez uma relação directa entre o que viu e a existência de extra-terrestres.

"Surgiu um número muito expressivo de pessoas que apresentam uma visão neutral do observado, afirmando ter-se deparado com um objecto, um aparelho ou um fenómeno sem o procurar interpretar", explicou.

O maior número de observações de fenómenos não identificados foi feito por homens entre os 20 e os 30 anos, constatou ainda.

Joaquim Fernandes comparou, seguidamente, as descrições feitas pelas testemunhas com os estereótipos apresentados pela comunicação social ao longo dos anos, nomeadamente com o conceito de "disco voador".

O historiador apercebeu-se também de que nas primeiras décadas do século XX foram os centros espíritas quem mais difundiu o conceito de vida extra-terrestre e mais se interessou pelas descobertas astronómicas, ideias que iam de encontro às motivações e à doutrina do espiritismo.



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