Os antepassados dos atuais mamíferos começaram a ter sangue quente no período Permiano superior, entre 352 milhões a 259 milhões de anos atrás.
O momento em que os mamíferos passaram a ter sangue quente tem sido motivo de debate mas um grupo internacional de cientistas assegura ter identificado um período concreto, após análises de datação em 90 fósseis, diz-se num comunicado do Centro Nacional de Investigação Científica francês.
O facto de as espécies passarem a ter sangue quente favoreceu a sobrevivência durante a extinção registada no período Pérmico-Triássico, há 252 milhões de anos, segundo o estudo, que é publicado hoje na revista eLife.
Hoje apenas as aves e os mamíferos são capazes de produzir o seu próprio calor corporal e manter uma temperatura elevada constante.
A combinação das duas faculdades apareceu primeiro num grupo dos répteis terapsídeos, da classe dos sinápsidos. Há 270 milhões a 252 milhões esse grupo, os cinodontes, diferenciou-se dos restantes grupos e deu origem aos mamíferos, afirma-se no comunicado.
Os investigadores reuniram 90 fósseis descobertos na África do Sul, Lesoto, Marrocos e China, dos quais 63 terapsídeos e 22 espécies diferentes, para estudar a composição de isótopos de oxigénio.
Partindo do princípio que há isótopos que se incorporam de forma diferente nos ossos e nos dentes em função do metabolismo do animal (se tem sangue frio ou quente por exemplo), os estudos mostraram diferenças de composição isotópica. E indicaram que oito espécies da família dos terapsídios tinham sangue quente alguns milhões de anos antes da extinção do período Pérmico-Triássico.
Os cinodontes foram uma das espécies que sobreviveram à extinção (quando morreram 75% das espécies na Terra) e a chave para resistir às grandes alterações climáticas poderá estar relacionada com o sangue quente.
fonte: Açoriano Oriental