Uma tribo de mergulhadores nómadas há muito que era estudada. Tudo porque conseguem ficar debaixo de água mais de dez minutos, atingindo 60 metros de profundidade. Um grupo de investigadores concluiu que o mistério está relacionado com o aumento do tamanho do baço.
Durante mais de mil anos, a tribo Bajau, natural da Indonésia, viajou pelos mares do sudeste asiático, sobrevivendo através da pesca em mergulho livre, auxiliados com lanças e óculos feitos com madeira. Estes mergulhadores desenvolveram a capacidade de permanecer longos períodos de tempo submersos, atingindo vários metros de profundidade.
As suas capacidades naturais para viverem de forma exclusiva daquilo que o mar tem valeu-lhes a alcunha de "nómadas do mar". Um recente estudo revelou que as suas capacidades de mergulho se devem ao desenvolvimento do baço, que lhes permite utilizar o oxigénio de forma mais eficiente.
Melissa Ilardo, da Universidade de Cambridge, passou um período de tempo em Jaya Bakti, na Indonésia, recolhendo amostras e realizando análises de ultrassom ao baço dos membros da tribo Bajau e dos seus vizinhos, os Saluan.
Os resultados foram processados na Universidade de Copenhaga e demonstram que os Bajau têm um baço que é 50% maior do que os Saluan. Um conjunto de estudos anteriormente desenvolvidos já tinha apontado a hipótese de que o baço desempenhava um papel importante na capacidade de mergulho do ser humano. Este estudo revela pela primeira vez que a capacidade de o Homem se manter submerso pode ser influenciada por este órgão.
"Até agora não se sabia se os "nómadas do mar" se tinham adaptado geneticamente ao seu estilo de vida extremo", disse Melissa Ilardo.
A equipa de investigadores descobriu que os Bajau têm um gene chamado PDE10A que os Saluan, que passam mais tempo em terra, não possuem. "Acreditamos que os Bajau têm a capacidade de aumentar os níveis de hormônio da tiroide, desenvolvendo, assim, o tamanho do baço", revelou a cientista.
O baço desempenha um papel central em prolongar a capacidade de mergulho, já que faz parte daquilo que é conhecido como a resposta "do ser humano ao mergulho", que é acionada para ajudar o corpo humano a sobreviver a uma ambiente privado de oxigénio.
Este não é o primeiro caso de uma tribo que apresenta capacidades físicas que lhes permite sobreviver nos locais mais inóspitos do planeta. Os Sherpas, nos Himalaias, destacam-se por conseguirem subir o Evereste sem recurso a qualquer auxiliar de oxigénio. As pessoas que vivem em lugares com elevada altitude têm uma capacidade pulmonar superior à media da população e desenvolveram músculos mais fortes junto ao coração.
fonte: Jornal de Noticias