Tumor composto por células estaminais do meduloblastoma humano infectadas pelo Zika (a vermelho) HUG-CELL
Pela primeira vez, demostrou-se em experiências in vivo que o Zika pode ser usado como uma arma contra dois tipos agressivos de cancro do sistema nervoso central.
Num ensaio pré-clínico com ratinhos, uma equipa de cientistas brasileiros verificou que o vírus Zika consegue eliminar cancros cerebrais comuns em crianças com menos de cinco anos. O resultado foi publicado esta quinta-feira na revista Cancer Research, editada pela Associação Americana para a Investigação do Cancro.
Os investigadores, da Universidade de São Paulo, injectaram uma baixa concentração do vírus purificado em tumores cerebrais embrionários humanos que foram induzidos em ratinhos com baixa imunidade. Resultado: os tumores regrediram em 20 dos 29 animais “tratados” com o vírus. E, em sete dos roedores, os tumores desapareceram.
Nalguns casos, o vírus Zika foi igualmente eficaz contra as metástases, ao eliminar um segundo tumor (formado a partir de um primeiro) ou inibir o seu desenvolvimento.
No trabalho os cientistas usaram linhagens de células humanas derivadas de dois tipos de tumores embrionários do sistema nervoso central que atingem crianças com menos de cinco anos: o meduloblastoma e o tumor teratóide rabdóide atípico.
Células de meduloblastoma humano infectadas pelo Zika (a vermelho) HUG-CELL
É a primeira vez, segundo um comunicado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que se demonstra em experiências em ratinhos que o vírus Zika pode ser usado como uma arma para tratar cancros agressivos do sistema nervoso central.
A infecção pelo vírus Zika transmite-se aos humanos pela picada de um mosquito e tem sido associada a microcefalia (tamanho do cérebro e da cabeça mais pequeno) em fetos e recém-nascidos. Um surto de infecção pelo Zika atingiu em 2015 vários países da América Latina, sobretudo Brasil.
fonte: Publico