Universidade do Algarve, Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e Direção Regional de Cultura unem esforços para trazer ao conhecimento do público uma área com importantes vestígios do passado.
Sentados no chão - debaixo de toldos, porque o calor é muito -, vários jovens escavam com todo o cuidado para encontrar alguma coisa que considerem importante.
O trabalho começa pela fresquinha, às 7h00 da manhã, num terreno junto à Ria.
Maria João Valente, professora da Universidade do Algarve e coordenadora do projeto, considera que tudo interessa nesta escavação arqueológica. "O que eles estão a fazer agora é pôr à vista estruturas e, por vezes, encontramos as sepulturas".
As escavações em Cacela Velha, uma vila debruçada sobre a Ria Formosa, começaram há cerca de três semanas.Reportagem de Maria Augusta Casaca, em Cacela Velha
Maria João Valente lembra que as primeiras pesquisas naquela terra tiveram inicio nos finais dos anos 1990. Na altura, os arqueólogos escavaram no interior da fortaleza e dentro da muralha e encontraram, sobretudo, cerâmicas do período islâmico. Mas, ao prolongar o estudo por uma área geográfica maior, perceberam que fora da muralha tinham também muito por descobrir.
"Começaram a aparecer ossadas e veio-se a descobrir que era o primeiro cemitério cristão desta zona", conta Maria João Valente. Segundo a investigadora, julga-se que a construção do cemitério cristão foi realizada por cima daquele que já existia na época árabe.
A trabalhar no local estão cerca de 30 pessoas - na sua maioria, estudantes da Universidade do Algarve e de uma Academia do Canadá, bem como alunos do ensino secundário. Já fizeram algumas descobertas nestas semanas de estudo.
"Temos aqui uma pequena Pompeia e está tudo muito bem conservado", conta a investigadora.
O estudo, que está a ser apoiado pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, pela Universidade do Algarve e pela Direção Regional de Cultura, quer ir mais longe. "Estamos à procura de financiamento para fazer uma análise bioarqueólica e uma análise genética dos esqueletos que forem encontrados", explica Maria João Valente..
João é um dos estudantes presentes no campo arqueológico. Aluno do ensino secundário, está entusiasmado com o trabalho realizado por estes dias. Nem o facto de levantar-se às 6h00 da manhã o desanima: "Encontrei uns ossos, peças de cerâmica. Está a ser uma experiência fantástica"
Durante esta próxima semana, os jovens vão continuar a peneirar e a escavar a terra para que nada lhes escape. Porque cada semente, cada pedacinho de cerâmica ou de osso pode contar uma história.
fonte: TSF