© ESA/Hubble, NASA, A. Simon (GSFC) and the OPAL Team, J. DePasquale (STScI), L. Lamy (Observatoire de Paris)
O telescópio Hubble, há quase três décadas a observar o universo a partir da órbita terrestre, ainda consegue surpreender os astrónomos com as suas imagens espetaculares. É o caso destas, que mostram as auroras boreais no polo norte de Saturno em toda a sua beleza, ao mesmo tempo que revelam a sua evolução ao longo de vários meses, proporcionado aos cientistas um conhecimento mais detalhado sobre aquele fenómeno no planeta dos anéis.
Na Terra, as auroras boreais são produzidas pelos ventos solares, que aqui chegam carregados de partículas energéticas. Quando estas partículas atingem a alta atmosfera (a ionosfera), situada entre os 80 e os 17 quilómetros de altitude, nas latitudes mais próximas dos polos, interagem com as moléculas dos gases que aí se concentram, e produzem aquelas luzes espetaculares em tons de verde e vermelho.
Mas a Terra não é o único planeta do sistema solar com auroras boreais. Elas também se existem em Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Mas, como as atmosferas desses gigantes para lá de Marte são sobretudo compostas por hidrogénio - na Terra os gases dominantes são o azoto e o oxigénio - as auroras boreais só se tornam visíveis se forem observadas no ultravioleta do espetro eletromagnético.
Esta era, por isso, a missão perfeita para o Hubble, uma vez que essa observação só pode ser feita a partir do espaço. Conjugando dados do Hubble com os da fase final da missão Cassini, que terminou em abril do ano passado, os cientistas apontaram os dois observatórios ao alvo e mostram agora o resultado final desses registos.
A observação decorreu ao longo de sete meses, e o resultado revela, não apenas uma sucessão de imagens de rara beleza, mas também algumas novidades.
Uma delas está relacionada com a alta velocidade do movimento de rotação de Saturno: ali, um dia completo dura apenas 11 horas, menos de metade do que na Terra, e isso influencia a variabilidade das auroras boreais.
Outra novidade é que existem dois picos de brilho nas auroras boreais no planeta dos anéis: um ao nascer do Sol e outro ao crepúsculo. Este último nunca antes tinha sido observado. E vale a pena contemplá-lo.