Uma equipa de cientistas esteve à procura dos genes do Nemo. Agora, foram publicados os resultados da sequenciação do genoma de qualidade do peixe-palhaço, eternizado pela Disney.
O peixe-palhaço é o peixe mais conhecido dos oceanos, graças ao filme de animação da Disney À Procura de Nemo. Agora, uma equipa internacional de cientistas procurou não o Nemo, mas os genes do peixe-palhaço – ou seja, mapeou o genoma desta espécie para que seja possível perceber a resposta dos peixes de recife às alterações climáticas.
O Público destaca uma das principais características do peixe-palhaço: a mudança de sexo. Estes peixes podem nascer machos, mas se a fêmea dominante do grupo morrer, um dos machos muda de sexo e assume o lugar dessa fêmea.
Estes peixes são importantes para estudos ecológicos e evolutivos na medica em que vivem nos recifes de coral. Assim, o peixe-palhaço é estudado como modelo de processos como a mudança de sexo, a organização social, a seleção do habitat e a longevidade.
Além disso, esta espécie é utilizada para se perceber os efeitos ecológicos dos distúrbios ambientais nos ecossistemas marinhos devido às alterações climáticas ou à acidificação do oceano. Segundo os cientistas, sob o efeito de um oceano mais acidificado, o peixe-palhaço é atraído pelo odor dos seus predadores, ficando mais exposto a este perigo.
Agora, a equipa conseguiu criar um dos mapas genéticos mais completos do peixe-palhaço (neste caso, da espécie Amphiprion percula).
“Este genoma dá-nos um modelo essencial para compreendermos todos os aspetos da biologia dos peixes de recife”, considera Robert Lehmann, da Universidade de Ciência e Tecnologia do Rei Abdullah (Arábia Saudita) e um dos autores do estudo, num comunicado sobre o trabalho.
No artigo científico, publicado recentemente na Molecular Ecology Resources, os cientistas apresentam uma montagem do genoma de referência com qualidade do peixe-palhaço. Este genoma “tem 26.597 genes que codificam proteínas. E, tal como o maior quebra-cabeças do mundo, levou-nos tempo e paciência para que montássemos as peças”, elucida Lehmann.
Segundo Timothy Ravasi, também autor do trabalho, o peixe-palhaço tem “aproximadamente 939 milhões de nucleótidos que precisaram de ser encaixados”. Os nucleótidos são os elementos químicos de base que constituem a molécula de ADN (a adenina, timina, citosina e guanina, representadas pelas letras A, T, C e G)
Esta sequenciação “é um esforço notável e representa uma montagem muito completa deste genoma”, diz Lehmann, acrescentando que o genoma do peixe-palhaço é compostos por 24 cromossomas.
A sequenciação do genoma agora publicada tem mais qualidade. “Este é um dos genomas de peixes mais completos alguma vez produzidos”, salienta David Miller, outro dos autores da investigação. Além disso, o peixe-palhaço é um “laboratório ideal para estudos genéticos e genómicos”.
fonte: ZAP