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Em Titã, a maior lua de Saturno, também há tempestades de areia

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Visão artística de uma tempestade de areia em Titã © NASA/ESA/IPGP/Labex UnivEarthS/University Paris Diderot

Astrónomos fizeram a descoberta depois de analisarem registos de 2009 da sonda Cassini. Passam a ser três os mundos do sistema solar onde isso acontece. Os outros são Marte e, claro, a Terra.

Titã, a maior das luas de Saturno, é um mundo estranho, fascinante e com curiosos paralelismos com a Terra. Desde logo pela sua atmosfera. Titã, à semelhança da Terra, é a única lua do sistema solar que tem uma atmosfera, embora ela seja uma espécie de denso invólucro à base de nuvens de nitrogénio e metano. E este último, a par do etano, corre na sua superfície sob a forma líquida.

Mas agora os cientistas que estudam os registos da sonda Cassini, que entre 2004 e 2017 estudou demoradamente Saturno e as suas dezenas de luas, descobriram mais uma novidade em Titã: naquele mundo distante também há, de vez em quando, gigantescas tempestades de areia. Algo que só acontece em dois outros astros - luas e planetas incluídos - na órbita solar: Marte e, claro, a Terra.

A descoberta, publicada agora na revista científica Nature Geoscience, mostra que aquele é um mundo "muito activo", como sublinha o astrónomo Sebastien Rodriguez, da Universidade de Paris Diderot, e um dos cientistas que tem estudado os registos da sonda Cassini. "Já sabíamos da sua complexa geologia e do seu exótico ciclo [atmosférico] e agora conseguimos acrescentar mais uma analogia com a Terra e com Marte: o seu ciclo ativo de tempestades de areia", explica o investigador.

Conseguimos acrescentar mais uma analogia com a Terra e com Marte: o ciclo ativo de tempestades de areia em Titã

Tal como acontece na Terra, Titã também tem um clima variável, marcado por estações, devido à inclinação do seu eixo, e podem ali ocorrer por vezes gigantescas tempestades de metano. Isso acontece, como já antes tinham observado os astrónomos, quando, no momento do equinócio, quando o Sol passa sobre a linha do equador de Titã, se formam densas nuvens de metano na região. Seria isso que estavam a observar naqueles dados recolhidos pela sonda em 2009?

A resposta acabou por ser negativa. Não, não se tratava de mais uma tempestade tropical de metano - não era essa a assinatura química observada nos dados. Aquilo era mesmo uma novidade: uma tempestade de areia gigantesca, que acabou por se estender por cinco semanas.

Além do novo conhecimento sobre aquele estranho mundo nos confins do sistema solar, a descoberta mostra também que nos dados recolhidos pela Cassini ao longo de 13 anos poderão estar muitos outros segredos e novidades, que estão só à espera de que alguém os descubra.



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