Rapaz de 10 anos foi enterrado com uma pedra na boca para evitar que se erguesse do túmulo e espalhasse a malária
Arqueólogos encontraram os restos mortais de uma criança de dez anos com uma pedra na boca num cemitério italiano do século V. Objeto visava impedir o rapaz de voltar do mundo dos mortos e espalhar a doença.
Durante anos, os arqueólogos acreditavam que a Necropoli dei Bambini era usada apenas para sepultar bebés e crianças de colo - daí o nome "cemitério dos bebés". Mas no verão esses mesmos arqueólogos descobriram os restos mortais de um rapaz de dez anos naquele cemitério do século V situado na comuna de Lugano, na região italiana de Umbria.
Mas a idade não era a única característica surpreendente no corpo daquele a que os habitantes locais já chamam o "Vampiro de Lugano". No crânio do rapaz os arqueólogos da universidade da Universidade de Stanford e os seus colegas italianos encontraram uma pedra que fora colocada dentro da boca. Segundo os investigadores explicaram agora ao site Science Daily, a pedra terá sido colocada na boca do rapaz no âmbito de um rito funerário que visava conter uma epidemia e evitar que a criança voltasse dos mortos para espalhar a doença.
Em meados do século V aquela região viveu um surto de malária que matou sobretudo muitos bebés e crianças, mais vulneráveis do que os adultos. Para David Pickel, diretor das escavações que agora está a fazer o doutoramento em Stanford, acredita que esta descoberta poderá ajudar a explicar a epidemia de malária que atingiu a Umbria há 1500 anos. "Tendo em conta a idade da criança e a forma como foi sepultada, com uma pedra na boca, essa é uma anomalia dentro de um cemitério já anómalo", explicou ao Science Daily.
Bruxaria contra a doença
"Nunca vi nada assim. É muito estranho e bizarro", explicou por seu lado o arqueólogo David Soren, à frente das escavações desde 1987.
Escavações anteriores no mesmo cemitério já tinham permitido encontrar outros sinais de bruxaria como recurso para o controlo de doenças. Junto aos restos mortais de bebés e crianças os arqueólogos descobriram penas de corvo, esqueletos de sapos ou caldeirões de bronze cheios de cinzas e ossadas de cachorros que terão sido usados em sacrifícios. Objetos associados à magia e bruxaria, práticas usadas ao longo da história para evitar que a doença saísses das sepulturas.
"Sabemos que os romanos se preocupavam muito com essa possibilidade e estavam dispostos a recorrer à bruxaria para manter o mal - fosse ele qual fosse que estava a contaminar o corpo - de sair", explicou Soren. O "mal" no caso das crianças de Lugano, era a malária.
fonte: Diário de Noticias