Astrónomos europeus conseguiram observar pela primeira vez como um dos exoplanetas próximos à Terra orbita em torno de sua estrela. As fotos do fenómeno e seus dados científicos foram publicados no site do Observatório Europeu do Sul (OES).
"Ao ver a estas fotos, se pode pensar que o planeta Beta Pictoris b passa pelo disco da estrela, ofuscando-o um pouco. Na verdade, nada disso acontece […] A foto deste mundo é mais um passo e o início de uma nova época no estudo e descobrimento de exoplanetas", afirmaram os cientistas.
Beta Pictoris b orbitando em torno de sua estrela
A Beta Pictoris é a segunda estrela mais brilhante na constelação de Pictor, está localizada a 64 anos-luz do Sistema Solar, tem uma massa 1,75 vezes maior que a do Sol e possui uma luminosidade 8,7 vezes maior. O sistema de Beta Pictoris é muito jovem, tendo somente entre 8 e 20 milhões de anos.
Este corpo celeste atraiu a atenção dos astrónomos ainda no início do ano 1980, tendo uma radiação infravermelha invulgarmente forte. Verificou-se que sua fonte era um disco de gases e poeira, orbitando em torno da estrela, onde posteriormente foi encontrado o planeta Beta Pictoris b. As primeiras fotos deste mundo emergente e de seu "manto" de gases e poeira foram obtidas pelo telescópio Hubble ainda em 2009.
As observações posteriores do planeta revelaram várias particularidades estranhas, inclusive seu tamanho gigante e uma órbita invulgarmente inclinada.
Utilizando a ferramenta NACO, através do telescópio VLT no Chile, ao longo dos últimos quatro anos os cientistas observaram o Beta Pictoris b orbitando em torno do astro e sobrevoando a borda do disco no momento em que a estrela e o gigante gasoso "olham" em direcção à Terra.
A primeira gravação em vídeo do movimento de um planeta em torno de outra estrela, segundo os cientistas, ajudou a determinar a temperatura do mesmo, a duração do seu ano e outras importantes características deste mundo.
Devido às temperaturas muito altas, a vida dificilmente poderia existir na sua superfície, bem como em seus satélites. Por outro lado, a observação destes mundos pode ajudar a entender como surgem os planetas e do que depende a localização de "zonas de vida" em estrelas brilhantes e grandes.