Anfíbio tem uma estrutura grande e incomum em forma de garra, que se projecta da base de seu polegar e poderia ser usada como defesa, segundo pesquisadores
SANTIAGO, Chile - Investigadores descobriram uma nova espécie de sapo nas encostas de uma montanha de topo plano — tipo mesa, como as de chapadas — numa região remota dos Andes equatorianos, considerada uma das áreas mais ricas em biodiversidade no mundo.
De acordo com um estudo publicado na revista "ZooKeys" , o anfíbio tem pele castanho escura pontilhada de cor laranja e apresenta uma estrutura grande e incomum em forma de garra, que se projecta da base do polegar e é conhecida como um "prepollex".
No momento, não está claro qual seria o objectivo desse "prepollex"— que é essencialmente uma digital não desenvolvida. No entanto, a equipe de pesquisadores que descobriu o sapo — liderada pelo biólogo Santiago Ron, da Pontifícia Universidade Católica do Equador — sugere que essa estrutura poderia ser usada como defesa de predadores ou como arma para lutar contra outros indivíduos da mesma espécie — por exemplo, quando os machos competem por parceiras.
A equipe avistou o anfíbio em uma montanha durante uma expedição de duas semanas à Cordilheira do Condor nos Andes orientais, uma área de difícil acesso na qual grandes extensões permanecem inexploradas.
"Para chegar ao topo da montanha, caminhamos dois dias por um terreno íngreme", disse Alex Achig, um dos biólogos, num comunicado. “Então, entre o suor e a exaustão, chegamos [ao topo], onde encontramos uma floresta. Os rios tinham águas negras, e os sapos estavam sentados ao longo deles, em galhos de arbustos castanhos semelhantes em cor aos próprios sapos. Os animais eram difíceis de identificar, porque se misturavam com a paisagem".
Anfíbios da América do Sul
No total, a equipe examinou seis espécimes: uma fêmea adulta, três machos adultos e duas fêmeas jovens. Conduziu testes de ADN e os comparou com espécies semelhantes. Eles concluíram que o sapo representa uma espécie ainda não descrita do género Hyloscirtus . Este género contém hoje 37 espécies de sapos, que se reproduzem ao longo de córregos, com uma extensão que vai da Costa Rica até a Cordilheira dos Andes da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.
O novo membro da espécie foi nomeado Hyloscirtus hillisi em homenagem a David Hillis, um biólogo evolucionário americano e especialista em anfíbios e répteis andinos, que descobriu três outras espécies do mesmo género.
fonte: O Globo