American Museum of Natural History
Algumas das criaturas marinhas que viveram naquele que é agora o deserto do Sahara.
O Sahara nem sempre foi um deserto e há milhares de anos atrás tinha animais, plantas e lagos. Cientistas descobriram agora que algumas das maiores criaturas marinhas viveram lá.
O deserto do Sahara é um dos maiores desertos do mundo, mas há milhares de anos atrás não era esse o caso. Os cientistas reconstruiram espécies aquáticas extintas que viviam lá e verificaram que são algumas das maiores do mundo. Os resultados da investigação foram recentemente publicados pela American Museum of Natural History Library.
O mar do Sahara teria 50 metros de profundidade e cobria mais de 3 mil quilómetros quadrados. De acordo com a paleontóloga responsável pelo estudo, Maureen O’Leary, o norte do Mali “parecia-se mais com Porto Rico”.
Os investigadores também recolheram informações necessárias para traçar um mapa geológico, ilustrando como é que o mar fluía durante os seus 50 milhões de anos de existência. Segundo o jornal britânico The Guardian, a investigação também permitiu saber mais sobre o limite K-Pg, que marcou o final da Era Mesozoica com a extinção em massa dos dinossauros.
A reconstrução das espécies revelou a existência de, por exemplo, cobras do mar com mais de 12 metros. O’Leary sugere que muitas espécies que habitavam o Sahara eram gigantes.
American Museum of Natural History
Reconstrução de um Dipnoicos, apelidado de “peixe pulmonado”.
“Colocamos a ideia de que talvez esse gigantismo insular possa dizer respeito a ilhas de água”, disse a investigadora. O gigantismo insular corresponde a um fenómeno biológico através do qual o tamanho dos animais isolados numa ilha aumenta drasticamente ao longe de várias gerações. Isto porque, para além de terem menos predadores, têm mais recursos disponíveis.
“O Sahara está cheio de pessoas. Às vezes estávamos a trabalhar naquilo que pareceria ser um deserto remoto, e alguém passava por nós numa bicicleta a motor. É um ambiente muito vivo”, disse O’Leary.
Expedições de 1999, 2003 e 2009 ao Sahara já tinham provado a existência passada de criaturas marinhas — e os próprios locais sabiam que o mar tinha passado lá. “Eles falavam-nos das conchas que encontravam e sabiam que se tratavam de conchas marinhas”, disse a paleontóloga.
O’Leary explicou que o facto de o Sahara já ter estado submerso mostra que há um precedente para alterações climáticas e aumento do nível do mar. “Espero que, ao entenderem estes exemplos históricos, as pessoas possam aceitar que o que os cientistas lhes dizem é verdade. E não só é verdade, como existem exemplos históricos de magnitude muito maior onde o planeta mudou”, rematou.
fonte: ZAP