Edgar Mitchell faz parte da lista restrita dos 12 homens que pisaram a Lua REUTERS
A sua missão, a Apollo 14, foi transmitida a cores na televisão. Pela primeira vez. Mitchell foi o sexto homem a pisar a lua.
Edgar Mitchell, antigo tripulante da expedição Apollo 14, que em 1971 chegou à Lua, morreu nesta quinta-feira, exactamente na véspera de celebrar o 45.º aniversário da sua aterragem lunar, revelou a NASA nesta sexta-feira. O astronauta norte-americano tinha 85 anos e estava doente numa casa de repouso em West Palm Beach, na Florida, EUA.
O seu nome consta de uma lista muito restrita, invejada por muitos, a dos 12 homens que pisaram a Lua. Se o astronauta Neil Armstrong, que morreu em 2012, foi o primeiro homem a pisar a Lua, num momento histórico visto por milhões de pessoas pela televisão, em 1969, Edgar Mitchell foi o sexto, muito pouco tempo depois.
Foi em 1971, que o norte-americano, tinha então 40 anos, teve a oportunidade de caminhar na Lua durante cerca de nove horas. Apenas cinco anos depois de ter começado a trabalhar na NASA, Mitchell era escolhido para partir na missão Apollo 14, ao lado de Stuart Roosa e aos comandos de Alan Shepard, que tinha ficado conhecido por ter sido o primeiro americano no espaço, dez anos antes.
Mitchell foi o piloto do módulo lunar Antares, que chegou à Lua, nomeadamente à zona de Fra Mauro (região de terras-altas na Lua), a 5 de Fevereiro de 1971. A Apollo 14 tinha como missão prosseguir o trabalho da azarada Apollo 13, que no ano anterior tinha sofrido uma explosão durante a viagem de ida e o regresso à Terra acabou por se transformar numa viagem de sobrevivência.
A missão dos astronautas passava por realizar um teste de comunicações, além de estabelecer instrumentos científicos para a investigação da superfície lunar. A Apollo 14 é hoje também lembrada por Alan Shepard, o quinto homem a pisar a Lua, ter experimentado jogar golfe na superfície lunar. Dos três norte-americanos da missão, o único que não chegou a caminhar na Lua foi Stuart Roosa, que tinha ficado responsável por fazer observações científicas em órbita.
Mitchell e Shepard não foram os primeiros a pisar a Lua mas conseguiram também alguns feitos históricos: a maior distância até então percorrida na superfície lunar e o maior tempo de permanência ali, 33 horas. Além disso, foi a primeira vez que uma missão da agência espacial na Lua foi transmitida a cores na televisão – pela primeira vez, viam-se no pequeno ecrã as cores daquele satélite natural da Terra.
Mitchell na Lua REUTERS
Os astronautas recolheram ainda cerca de 40 quilos de rochas lunares, que trouxeram para terra para serem estudadas. A missão foi concluída com êxito a 9 de Fevereiro de 1971 quando aterraram no Oceano Pacífico. Mitchell, que teve um total de 216 horas e 42 minutos no espaço, era o único astronauta desta missão que ainda estava vivo – Roose morreu em 1994 e Shepard em 1998.
A Apollo 14 foi determinante para os anos seguintes de Edgar Mitchell, que disse ter tido uma “epifania” enquanto caminhava na Lua. Desde então, o astronauta dedicou a sua vida ao estudo de fenómenos paranormais e inexplicáveis.
Em 1973, afastou-se da NASA e fundou uma organização sem fins lucrativos, o Instituto de Ciências Noéticas, para financiar e estudar áreas fora do âmbito normal da ciência. Edgar Mitchell defendeu várias vezes que a Humanidade não estava sozinha, acreditando que o Governo norte-americano escondia a verdade sobre a existência de vida extraterrestre.
Mitchell foi criado na cidade de Roswell, Novo México, conhecida pelo rumor da queda de um Objecto Voador Não Identificado (OVNI) em 1947. Em 1994, a Força Aérea norte-americana afirmou que os destroços encontrados pertenciam a um balão lançado pelo exército como parte do projecto Mogul, mas o astronauta e muitos investigadores de OVNI não acreditaram. Mitchell chegou mesmo a publicar um livro sobre o tema.
fonte: Público