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Fungo torna rãs mais «sexys» para facilitar propagação, indica pesquisa

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Cientistas na Coreia do Sul descobriram que um fungo está a tornar as rãs asiáticas mais atraentes às fêmeas da espécie colaborando no sucesso da evolução de uma geração a outra.

Em entrevista à BBC, o professor-associado da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, Bruce Waldman, falou sobre a sua pesquisa com uma rã comum na Ásia, a Hyla japonica, e um fungo que ataca rãs, o Batrachochytrium dendrobatidis, também chamado de Bd.

Segundo a pesquisa de Waldman este fungo causa uma doença pandémica que pode matar o anfíbio além de afectar de várias formas a saúde do hospedeiro.

«Bd interfere com o equilíbrio electrolítico e a osmorregulação, causando insuficiência cardíaca nos indivíduos afectados», escreveu o pesquisador.

Além disso, o fungo também interfere no sistema imunológico e em muitos outros tecidos o que leva o anfíbio a ficar letárgico, perder a coordenação além de outras mudanças no comportamento.

Mas Waldman notou que os machos da espécie estudada infectados por este fungo mudam o padrão de vocalizações para atrair mais fêmeas para a reprodução.

O investigador chegou à conclusão de que «machos infectados chamam (as fêmeas) mais rapidamente e produziram chamamentos mais longos do que os machos não infectados».

E isto, de acordo com Waldman, pode mudar a reação das fêmeas.

«Muitas rãs procuram parceiros através de vocalizações (dos machos). Nem todas, mas muitas rãs fazem isso», disse o pesquisador em entrevista à BBC.

«Por conseguinte, um factor preliminar determinante do sucesso reprodutivo é como se chama (uma parceira). Se chama muito, arranja uma parceira melhor, ou mais parceiras.»

Waldman afirmou que o fungo afectou os anfíbios, principalmente no instinto de colocar mais esforço nos chamamentos pelas fêmeas.

«A estrutura do chamamento é diferente, eles fazem chamamentos mais longos, mais rapidamente. Eles parecem fazer chamamentos mais vigorosos do que os feitos por indivíduos saudáveis, que não foram infectados», afirmou.

Quando perguntado se a fêmea da rã asiática pensa que o macho infectado é mais viril, o cientista respondeu com bom humor: «Não sei exactamente o que ela pensa (risos). Mas é mais provável que escolha o macho infectado ao invés do não infectado.»

«Aquele macho poderá infectá-la e é possível que as crias também sejam infectadas», acrescentou.

Waldman afirma que as rãs estudadas sobreviveram à infestação por este fungo.

«Fizemos outros estudos que mostram que, mesmo que este tipo de fungo mate rãs noutras partes do mundo, na Coreia e na maior parte da Ásia ainda não vimos uma grande mortandade de anfíbios. E muitos deles estão infectados por este fungo.»

«As rãs sobrevivem. Na verdade elas parecem estar muito bem! Esta descoberta é muito surpreendente, não é o que esperávamos», acrescentou.

O pesquisador afirmou que os anfíbios na Ásia parecem ter desenvolvido uma «boa resposta imunológica que permite que mantenham o fungo sob controlo».

«Lançar este tipo de resposta imunológica (geralmente) parece ter um custo (...) e nós esperávamos que (este custo) seria uma diminuição de energia noutras actividades como o chamamento (pela parceira). Mas a energia aumentou e este resultado foi surpreendente para nós», afirmou o cientista à BBC.

O cientista afirma que as rãs, asiáticas ou não, têm um papel importante já que «o ecossistema tem que ser visto como um todo e todos os animais e plantas têm um papel».

«Rãs têm um certo papel para eliminar insectos ou (também) noutros tipos de necessidades humanas, mas isto não é o principal. Temos que manter a biodiversidade e rãs são parte da biodiversidade.»



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