Um sistema de inteligência artificial (IA) desenvolvido na China ajudou a salvar a vida de vários pacientes num estado de coma considerado “sem esperança” por vários médicos. A IA contrariou o prognóstico – e os pacientes acordaram.
Por norma, os neurologistas conduzem uma série de avaliações para determinar o potencial de recuperação de um paciente com lesões cerebrais. No teste conduzido é atribuída uma determinada pontuação. Uma baixa pontuação implica que o doente tem poucas hipóteses de acordar tendo, por isso, a família o direito legal de desligar o suporte básico de vida.
Um dos principais neurologistas da China atribuiu sete dos 23 pontos desta escala a um paciente de 19 anos com síndrome de não-responsividade, um resultado bastante baixo. No entanto, ao ser reexaminado com a ajuda do sistema de inteligência artificial, o resultado aumentou para mais de 20 pontos – muito perto da pontuação total.
Num outro caso, aponta o South China Morning Post, os médicos atribuíram a uma mulher de 41 anos, vítima de derrame cerebral e em estado vegetativo há três meses, uma pontuação potencial de recuperação de seis. O computador atribuiu 20.
O jovem, a mulher e outros cinco pacientes – que os médicos acreditavam que nunca recuperariam a sua consciência – acabaram por acordar até 12 meses após os exames cerebrais, exatamente como previsto pelo modelo computorizado.
“Previmos com êxito que um determinado número de pacientes recuperaria a consciência mesmo depois de serem inicialmente apontados como sem esperança”, escreveram os investigadores da Academia Chinesa de Ciências em comunicado.
Contudo, a “máquina” também comete erros: um homem de 36 anos com danos no tronco cerebral recebeu baixas pontuações quer da IA, quer da avaliação dos médicos. Ao contrários dos prognósticos, o homem recuperou totalmente em menos de um ano.
Quase 90% de precisão
Sinteticamente, o sistema recém-criado recorre à IA e, através de imagens médicas, ajuda os médicos a determinar se pacientes diagnosticados com danos cerebrais graves podem ou não recuperar a consciência.
Apesar de ser um diagnóstico, os testes que recorrem ao sistema de inteligência artificial têm uma de quase 90%, de forma a que raramente se cometam erros a atribuir pontuações mais baixa, nota a RT.
Depois de oito anos, os cientistas conseguiram finalizar o projeto, tendo disponibilizados as suas conclusões em pré-publicação no mês passado num artigo no eLife.
Para o Song Ming, médico e principal autor do estudo, este sistema diferencia-se dos demais sistemas de IA utilizados no diagnóstico de doenças. “A nossa máquina pode ver coisas que são invisíveis ao olho humano“, explicou.
Contudo, sublinha Ming, esta é apenas “uma ferramenta para ajudar médicos e famílias a tomar deciões2, não podendo “nunca substituir os médicos”, reiterou.
fonte: ZAP