A estrela Pristine 221.8781+9.7844 foi formada a partir do material expelido pelas primeiras supernovas
Uma equipa internacional de investigadores descobriu uma estrela com uma baixíssima metalicidade, uma das mais antigas da Via Láctea e, por essa razão, uma excelente mensageira do Universo primitivo.
A estrela Pristine 221.8781+9.7844 é uma das estrelas mais antigas da Via Láctea. Nós sabemos isto graças à sua atmosfera. Logo após o Big Bang, o Universo estava repleto de hidrogénio e hélio, tinha muito pouco lítio e não existiam elementos mais pesados porque estes são sintetizados no interior das estrelas.
David Aguado, do IAC (Instituto de Astrofísica das Canárias), afirma: “Dado que a atmosfera da estrela que analisámos é muito pobre em metais, podemos dizer com confiança que este é um dos objetos mais antigos da Via Láctea e, claro, muito mais antigo do que o Sol”.
E acrescenta que “esta estrela vai ajudar-nos a entender melhor algumas características da origem da Via Láctea e de como as primeiras estrelas se formaram.”
Para chegar a esta conclusão, foram realizados estudos detalhados com o espectrógrafo ISIS acoplado ao Telescópio William Herschel e com o espectrógrafo IDS acoplado ao Telescópio Isaac Newton, ambos pertencentes ao Grupo de Telescópios Isaac Newton situado no Observatório Roque de los Muchachos (Garafía, La Palma).
“Os dados espectroscópicos com resolução intermédia obtidos com o Telescópio Isaac Newton e com o Telescópio William Herschel permitiram-nos mostrar o baixo teor de carbono, que normalmente é muito abundante neste tipo de estrelas,” explica Carlos Allende, professor do IAC e um dos investigadores deste projeto.
O estudo destas estrelas muito antigas, que foram catalogadas e analisadas no levantamento Pristine, liderado pelo Instituto Leibniz de Astrofísica (Potsdam, Alemanha) e pela Universidade de Estrasburgo (França), ajuda-nos a aprender mais sobre o estado do Universo nos seus primeiros tempos, logo após o Big Bang.
Para realizar as primeiras deteções destas estrelas, que são sobreviventes dos primeiros estágios do Universo, e têm atmosferas pristinas, a equipa usou um filtro especial de cores acoplado ao Telescópio do Canadá-França-Hawaii no topo do Mauna Kea (Hawaii).
Neste estudo foi utilizada espectroscopia de alta resolução obtida com o espectrógrafo UVES no telescópio VLT (Paranal, ESO). “Os dados espectroscópicos de alta resolução do UVES e do VLT permitiram-nos medir a abundância de lítio na atmosfera desta estrela, o que nos dá informações adicionais sobre a origem da Universo,” realça Jonay González, investigador do IAC e colaborador do projeto Pristine.
A descoberta foi publicada em agosto passado na revista Royal Astronomical Society.
fonte: ZAP