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Portugal lança programa europeu de 8 milhões de euros para aprender a fabricar foguetões

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É o primeiro programa de iniciativa portuguesa na Agência Espacial Europeia e junta as principais empresas e centros de investigação nacionais ligados ao Espaço

Dar capacidade tecnológica e industrial às empresas e centros de investigação portugueses do setor espacial, para construírem um microlançador de satélites (foguetão) que venha a ser enviado para o Espaço a partir da futura base da ilha de Santa Maria, nos Açores, é o objetivo do novo programa que vai arrancar em fevereiro de 2019.

O programa, que tem um orçamento de oito milhões de euros, é o primeiro de iniciativa portuguesa na Agência Espacial Europeia (ESA) e já foi aprovado pelos seus estados-membros e pelo Governo, no âmbito do GSTP-General Support Technology Programme, um programa mais vasto da ESA. Para o efeito está a ser constituído um consórcio entre as principais empresas e centros de investigação nacionais ligados ao Espaço, que irá negociar a realização de um contrato com a ESA.

Os 25 anos do programa de apoio tecnológico GSTP foram recentemente celebrados no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, num evento em que participaram mais de 150 especialistas de toda a Europa. Portugal, que é estado-membro da ESA, aderiu a este programa em 2005, tendo já recebido apoios para projetos no valor total de 28 milhões de euros.

TER CAPACIDADE TECNOLÓGICA NACIONAL

Tiago Pardal, presidente executivo da Omnidea, empresa líder do consórcio, explica ao Expresso que “Portugal tem nos Açores uma localização geográfica única na Europa para a instalação de uma base espacial para microlançadores de satélites”. Perante “este recurso natural estratégico, há duas hipóteses: ou delegamos a empresas de outros países a construção e exploração da base e o desenvolvimento de microlançadores, ou desenvolvemos competências e capacidade tecnológica própria, de modo a estarmos neste mercado emergente. E é nesta segunda opção que vamos apostar”.

O programa chama-se “Preparação de Tecnologias Espaciais e Blocos de Construção” e tem três fases. A primeira consiste no estudo e definição de um lançador suborbital e respetiva propulsão, incluindo um conjunto de requisitos relacionados com o design de suporte, o mercado, o alcance e a segurança. A segunda fase envolve a definição da gestão, a demonstração de tecnologias, a aplicação comercial e o desenvolvimento do último andar de um lançador suborbital. E a terceira inclui o desenvolvimento completo de um pequeno lançador (foguetão), do género do que está a ser projetado pela empresa britânica Orbex (ver infografia), isto é, com um peso máximo de 20 toneladas e uma capacidade de carga até 200 kg.

   

Na prática há objetivos a curto, médio e longo prazo que podem culminar na construção “de um veículo suborbital com um motor de 2,5 toneladas de força, o equivalente a cerca de 50 mil cavalos”, adianta Tiago Pardal. “Ou seja, vamos fabricar um veículo demonstrador que corresponde ao último estágio (andar) de um lançador”. O orçamento das duas primeiras fases do projeto é de quatro milhões de euros e será apenas da responsabilidade de Portugal. “Mas na terceira fase, onde serão gastos mais quatro milhões de euros, haverá vários países europeus membros da ESA a juntarem-se ao consórcio, estando já confirmada a participação do Reino Unido e da Alemanha”, revela o gestor.

CONTROLAR A PROPULSÃO

“Para ter capacidade de lançamento é preciso conhecer e controlar a propulsão”, sublinha Tiago Pardal. É por isso que a Omnidea é a líder do consórcio, porque comprou em Bremen, na Alemanha, uma empresa industrial especializada em propulsão. Chama-se Omnidea-RTG e faz a montagem completa, integração e teste de sistemas de propulsão para satélites e lançadores como o Vega (ver infografia), o foguetão mais pequeno usado pela ESA na base espacial de Kourou, na Guiana Francesa. Bremen é considerada a cidade espacial alemã, devido à grande concentração de empresas do setor.

Os parceiros da Omnidea no consórcio são, para já, as empresas portuguesas Tekever, Deimos Engenharia, Edisoft, ActiveSpace, Efacec, Critical Software, D-Orbit, spin.works, ISQ e CEIIA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto), e ainda o Instituto Superior Técnico (Universidade de Lisboa), a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a Universidade de Évora e a Universidade da Beira Interior. Algumas destas empresas já têm um contrato mais pequeno com a ESA para estudar que tipo de missões devem ser definidas para a futura base espacial da ilha de Santa Maria, nos Açores.

Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, disse ao Expresso que o projeto vai ter uma duração inicial de três anos. “Pretendemos desenvolver capacidade científica para garantirmos que um serviço de microlançadores para transporte de satélites no futuro, tenha um impacto real na criação de emprego altamente qualificado e no desenvolvimento da indústria espacial em Portugal”. Ou seja, “não basta ter um porto espacial nos Açores”.

fonte: Expresso


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