Temperatura é tão alta que derrete plástico e isopor. Geólogo explica que matéria orgânica antiga entrou em combustão.
Um fenómeno incomum está assustando a população de Valparaíso de Goiás, no entorno do Distrito Federal. O solo de um terreno baldio no Bairro Céu Azul está cedendo e se queimando de forma espontânea. Vários moradores já tiveram queimaduras ao pisar no local, que está constantemente em brasas.
Eles gravaram cenas da área. Nas imagens, é possível perceber que a temperatura é tão alta que derrete em poucos minutos plástico e isopor. Segundo relatam, o solo fica em brasas durante todo o dia e o cheiro de queimado é bastante forte.
De acordo com a dona de casa Maria de Fátima Santos, o fenómeno foi descoberto pelo neto dela, que pisou na terra e se queimou gravemente.
“Ele veio brincar aqui e caiu no buraco. Ele não viu e, então, ficou com as pernas dentro do fogo. Aí o coleguinha que estava com ele, que também se queimou, foi quem puxou ele”, conta.
O garoto de 12 anos mostra as cicatrizes e diz que, depois do incidente, evita passar no terreno. “Eu fiquei traumatizado. Dá medo de ficar aqui”, afirma Handerson Brendor.
O adolescente Laécio Diniz de Andrade, de 17 anos, também se queimou gravemente no último domingo (11), quando jogava bola. “Eu estava no campo com o meu pai e fui buscar a bola, aí eu cai no buraco, só que lá não tinha fumaça mostrando, só a terra preta. Então, fui buscar a bola, que afundou e queimou”, conta.
O que preocupa ainda mais é que o terreno fica ao lado de um campo de futebol e de uma creche. “Meu filho estuda em uma das creches e eu fiquei preocupada. A gente não sabe o que está acontecendo aqui embaixo, alguma coisa anormal está”, desconfia a comerciante Rubiane Marques.
O geólogo Paulo Roberto Gonçalves analisou o terreno e tem uma explicação para o fenômeno. Além das condições do solo, também pesquisou sobre o histórico do município.
Segundo ele, o local era uma nascente e, provavelmente, se trata de matéria orgânica, depositada há milhares de anos, que entrou em combustão. “O fenômeno é natural e os moradores não precisam ter medo”, garante.